Armazenamento de energia: o papel estratégico das baterias na competitividade das empresas

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A eletricidade é um insumo cada vez mais estratégico para a competitividade das empresas. Conforme a matriz elétrica brasileira se torna mais complexa e dinâmica, a volatilidade de preços passa a ser uma realidade tanto no mercado cativo quanto no mercado livre. Seja pela variação horária da demanda, por eventos climáticos, por restrições de transmissão ou pela própria lógica de oferta do sistema, os consumidores continuam expostos a oscilações de custo que podem afetar de forma direta a previsibilidade financeira do negócio.

Essa volatilidade é resultado de um fator central: o custo de geração, transmissão e distribuição muda conforme o horário e o nível de estresse da rede. Quanto maior a demanda ou menor a oferta momentânea de energia firme, mais cara tende a ficar a energia elétrica.

Nos últimos anos, o avanço da estrutura tarifária horária – como as tarifas branca e horossazonal A4 no mercado cativo, e os sinais de preço por hora no mercado livre (como PLD horário e contratos com indexação temporal) – tornou evidente uma nova oportunidade: a gestão ativa da curva de consumo.

É justamente nesse cenário que entram os sistemas de armazenamento de energia em baterias, ou BESS (Battery Energy Storage Systems).

A lógica do armazenamento: quando a energia vira estratégia

O BESS permite o que antes era impossível sem gerar sua própria energia: deslocar o consumo no tempo. Em termos simples, o sistema armazena energia quando o preço do kWh está mais barato e libera essa energia para o consumo interno nos horários de maior tarifa. Com isso, o consumidor reduz sua exposição às tarifas de pico, suaviza sua curva de demanda e melhora o fator de carga – um indicador técnico muito relevante em contratos de demanda ou potência contratada.

No mercado cativo, o BESS potencializa os benefícios das tarifas com sinal horário.

Para consumidores com tarifa branca, azul ou horossazonal, o armazenamento permite:

  • carregar baterias em horários fora de ponta (energia mais barata);
  • utilizar essa energia durante o pico (energia mais cara);
  • reduzir custos expressivos na fatura mensal, sobretudo em instalações com grande variação de carga.

Além da economia, o BESS também pode evitar ultrapassagens de demanda, reduzindo penalidades frequentes em operações industriais e comerciais.

No mercado livre, o uso é ainda mais estratégico.

O BESS pode:

  • operar junto de estratégias de hedge energético;
  • responder a sinais de preço horário do PLD;
  • arbitrar preços ao armazenar energia em períodos de baixa e consumir quando o valor spot dispara;
  • complementar usinas solares, deslocando o uso do excedente fotovoltaico para períodos sem geração.

Aqui, o armazenamento contribui para maximizar ganhos financeiros, reduzir riscos e flexibilizar a operação energética.

Além da economia: estabilidade, sustentabilidade e previsibilidade

As vantagens, no entanto, vão além da simples economia. O BESS atua como um amortecedor de riscos operacionais. Reduz picos de demanda que poderiam resultar em penalidades contratuais, melhora a qualidade de fornecimento (por evitar flutuações instantâneas de potência) e permite que empresas planejem o uso energético com mais previsibilidade.

Sob a ótica ambiental e estratégica, o BESS habilita um passo importante na transição energética: ao integrar o armazenamento à geração solar, empresas podem maximizar o uso da energia limpa e reduzir ainda mais a dependência da rede elétrica. Essa sinergia viabiliza operações de baixo carbono, melhora indicadores ESG e reforça a imagem de inovação e responsabilidade corporativa.

O caminho para o consumo inteligente

Adotar um sistema BESS não é apenas uma decisão tecnológica, mas uma decisão de gestão. Requer análise detalhada da curva de carga da instalação, definição de janelas de arbitragem tarifária e dimensionamento técnico otimizado do banco de baterias em relação ao perfil de consumo. Quando bem projetado, o retorno financeiro pode ser acelerado pela economia direta na fatura, pelo melhor aproveitamento da energia solar e pela mitigação de riscos tarifários futuros.

O consumo inteligente é, acima de tudo, o consumo estratégico. Num cenário em que o preço da energia se torna cada vez mais volátil e o papel da eletricidade mais central na operação das empresas, o BESS se consolida como uma das ferramentas mais poderosas da nova gestão energética — capaz de transformar energia em vantagem competitiva.

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